Dia Mundial do Diabetes: o que o açúcar no sangue tem a ver com o risco de câncer?
Mas além das conhecidas complicações cardiovasculares e metabólicas, existe uma conexão importante que merece atenção: o diabetes tipo 2 também está associado a um maior risco de desenvolvimento de alguns tipos de câncer.
O que é o diabetes tipo 2?
O diabetes tipo 2 é caracterizado pela resistência à insulina e pelo aumento crônico da glicose no sangue. Com o tempo, esse excesso de glicose e insulina causa inflamação sistêmica, estresse oxidativo e alterações hormonais — fatores que impactam diretamente a saúde celular.
Esses mecanismos, quando persistentes, criam um ambiente propício para o crescimento e a multiplicação de células tumorais.
Como o diabetes pode aumentar o risco de câncer?
A relação entre diabetes e câncer é complexa e multifatorial. Os principais mecanismos propostos pela ciência incluem:
- Hiperinsulinemia crônica: a insulina, quando em excesso, estimula o crescimento celular e pode favorecer a proliferação de células tumorais.
- Inflamação sistêmica de baixo grau: o diabetes tipo 2 mantém o corpo em um estado inflamatório constante, o que pode induzir mutações genéticas.
- Aumento do IGF-1 (fator de crescimento semelhante à insulina): esse hormônio estimula a divisão celular e pode acelerar o crescimento de tumores.
- Estresse oxidativo e dano ao DNA: a hiperglicemia crônica aumenta a produção de radicais livres, prejudicando o reparo celular.
- Alterações hormonais e metabólicas: o excesso de gordura corporal eleva o estrogênio e citocinas inflamatórias, contribuindo para o desenvolvimento de alguns tipos de câncer.
Quais tipos de câncer estão mais associados ao diabetes tipo 2?
Diversos estudos observacionais e metanálises mostram um aumento significativo no risco de alguns cânceres entre pessoas com diabetes tipo 2, incluindo:
- Câncer de fígado (hepatocelular)
- Câncer de pâncreas
- Câncer de endométrio (útero)
- Câncer colorretal
- Câncer de mama (pós-menopausa)
- Câncer de bexiga
O risco relativo varia conforme o tipo de câncer, controle glicêmico, uso de medicamentos, composição corporal e hábitos alimentares. Apesar disso, a boa notícia é que muitos desses riscos podem ser reduzidos por meio de mudanças no estilo de vida e no padrão alimentar.
Alimentação e prevenção: o que a ciência recomenda?
A nutrição equilibrada é um dos pilares mais importantes na prevenção e no controle do diabetes, com impacto direto na redução do risco de câncer. Estudos mostram que padrões alimentares anti-inflamatórios e ricos em fibras estão associados a menor incidência de ambos.
🍎 Priorize frutas, verduras e legumes variados — fontes de antioxidantes, fibras e fitoquímicos protetores.🌾 Opte por cereais integrais e leguminosas — contribuem para o controle glicêmico e a saúde intestinal.
🐟 Consuma proteínas magras — como peixes, aves e leguminosas.
🥑 Inclua gorduras boas — azeite de oliva, abacate e oleaginosas.
🚫 Evite alimentos ultraprocessados — ricos em açúcares e gorduras trans, que aumentam a inflamação e a resistência à insulina.
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Este conteúdo é de caráter informativo e não substitui a orientação individualizada com um profissional de saúde.
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